Vol. 8 Núm. 2 (2017)

Com grande satisfação, anunciamos o volume 8, número 2, da revista Inquietude. A arte que compõe a capa desta edição é O friso de Beethoven: o desejo pela felicidade, de Gustav Klimt.
Apresentamos a segunda edição de 2017, composta por cinco artigos e, ainda, uma retomada da valiosa seção de entrevistas. Os editores da Inquietude Caius Brandão e Eduarda Santos Silva entrevistaram o renomado filósofo Oswaldo Giacoia Junior. O tema norteador do diálogo foi o status da filosofia no Brasil, acerca do qual Giacoia pontuou questões sobre o crescimento quantitativo e qualitativo da produção filosófica no país, a formação do filósofo e o caráter interdisciplinar da filosofia, lembrando-nos que a filosofia nasceu do diálogo com outros âmbitos do saber, com as técnicas e com a arte. É uma leitura imperdível, confira!
Abrindo a seção de artigos, temos o texto intitulado Movimento e subjetividade: Da revolução na física à revolução no sujeito, em que o autor Eric Moura Duarte, a partir do livro A estrutura das revoluções científicas, de Thomas Kuhn, traça, em linhas gerais, como a mudança conceitual sobre a natureza do movimento, levada a cabo por Galileu Galilei, implicou o primado da subjetividade na filosofia de Descartes. O autor explicita, ao analisar a quebra do paradigma sobre a natureza do movimento, como essa mudança levou a uma total transformação na forma como se vê o mundo.
O texto posterior é O princípio do “cuidado de si” como terapêutica da alma, em que Luciano André Palm analisa a obra A hermenêutica do sujeito, de Michel Foucault, com o propósito de compreender de que modo o princípio do cuidado de si pode ser concebido como uma terapêutica da alma. Para além disso, Palm apresenta a trajetória do cuidado de si na tradição e na civilização ocidental e identifica naquilo
que Foucault denomina “momento cartesiano”, isto é, no surgimento da ciência e da mentalidade científica moderna, a derrocada do cuidado de si como princípio constituidor do ethos da civilização ocidental.
Em seguida, o artigo intitulado Monismo e dualismo entre Estado e direito: Breves considerações acerca do conceito de Estado de direito em Habermas, em que Rubin Assis da Silveira Souza questiona a frequente adoção do termo Estado de direito na obra Direito e democracia: entre facticidade e validade, de Jürgen Habermas. O artigo investiga os problemas decorrentes do fundamento e da apresentação deste conceito, contrapondo-o à sua antítese, que é a ideia monista de Hans Kelsen de Estado e direito. Segundo a abordagem de Rubin Souza, a filosofia habermasiana implica a adoção de uma teoria dualista entre os conceitos de Estado e de direito. O autor, sobretudo, revela a radical incompatibilidade entre a doutrina jurídica de Habermas e o positivismo kelseniano.
O penúltimo texto é intitulado John Stuart Mill e a utilidade da liberdade: Uma perspectiva liberal, de Aline Matos da Rocha. A autora adota uma noção de liberdade vinculada à noção de utilidade entendida a partir da tradição utilitarista. O artigo fundamenta-se em uma concepção de liberdade compreendida em âmbito individual, determinada pelos interesses do próprio indivíduo, com mínima interferência dos demais ou mesmo da autoridade pública.
O fechamento desta edição fica por conta do artigo Descartes, Heidegger, a condição humana e a questão do tempo futuro, de Dante Carvalho Targa e Fabrício Fonseca Machado. Os autores consideram que Descartes, ao instituir a metafísica da subjetividade e a primazia da razão como instrumentos para a interpretação do homem, abre espaço para o surgimento de uma sociedade cientificista que corrompe a noção de e estabelece que o tempo não passa de uma sucessão de eventos. A caracterização do tempo como mera sequência de fatos, contudo, encobre a possibilidade de significância do agora e afasta o homem de seu ser genuíno. Segundo os autores, na visão de Heidegger, é preciso, para uma mais correta hermenêutica, considerar primordialmente o porvir e entender o tempo como determinante da estrutura primordial do ser.
Informamos ainda, que a revista Inquietude foi aprovada como projeto de extensão pelo Conselho Diretor da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás. É importante lembrar que já houve um projeto de extensão da revista, cadastrado na PROEC sob a coordenação da professora Júlia Sebba Ramalho.
Por fim, agradecemos à Ingrid Costa pela nova identidade visual e novo projeto gráfico da revista Inquietude, que teve direção de arte de Luana Santa Brígida.
Kellen Aparecida Nascimento Ribeiro