Vol. 6 Núm. 1 (2015)

É com prazer que apresentamos à comunidade universitária e demais interessados o volume 6, número 1, da Inquietude, um projeto acadêmico e editorial de estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação em Filosofia da Universidade Federal de Goiás. Tal como nas edições anteriores este número é fruto de intenso trabalho da Equipe Editorial, com o apoio do prestigiado Conselho Editorial, assim como da iniciativa de autoras/es que buscam com sua escrita nos apresentar aspectos de suas pesquisas e inquietações no que concerne à produção filosófica em nosso país. Em consonância com sua proposta inicial, apresentamos ao público uma edição que preza pela diversidade no tratamento de problemas filosóficos, assim como um espaço próprio para a divulgação de variadas pesquisas e a possibilidade de tornar pública a comunicação de criativos e elaborados trabalhos de pesquisadoras/es experientes, de alunas/os da Graduação e da Pós-graduação em Filosofia da UFG e de outras Universidades e Faculdades de Filosofia do Brasil, bem como de pesquisadoras/es de distintas áreas do saber que objetivem nos apresentar textos de cunho filosófico.
Aliada à diversidade da produção filosófica existente em nosso cenário atual e à ousadia de jovens autoras/es que buscam e criam espaços para a publicação de suas produções acadêmicas, vemos surgir em nosso país estudos voltados à discussão de aspectos centrais para a sociedade, como o posicionamento político e as variadas acepções de movimentos sociais que discutem feminismos, gênero, raça, questões ambientais e educação. Haja vista tal contexto de intensas discussões e sua importância para a formação e desenvolvimento cultural, não apenas individual, mas coletivo, acreditamos e reafirmamos mais uma vez a validade e necessidade de uma revista tal como a Inquietude, para que cada vez mais possamos pensar e tornar públicas nossas pesquisas, assim como possibilitar um ambiente de debates que preze primordialmente pelo rigor filosófico.
É com este espírito de inquietude que apresentamos esta edição composta por cinco artigos e cinco resumos. Na capa, apresentamos uma obra de arte [Eye am knowledge] de Adelaide Marcus, artista que percorre distintos gêneros artísticos, tais como a pintura e as performances em criações que remetem ao pensamento e à inspiração e gostaríamos de agradecê-la por ter nos permitido a utilização de sua obra em nossa edição.
No artigo inicial, A noção de "substância" em Wittgenstein [de Bruna Garcia da Silveira Miguel Elias], temos uma reconstrução filosófica da concepção de substância presente nos primeiros escritos de Wittgenstein, bem como a discussão sobre a influência da tradição aristotélica em sua obra, além de sua inicial ruptura com tal tradição já em escritos iniciais. A distinção central entre Aristóteles e Wittgenstein, no que concerne à substância reside, segundo a autora, na ontologia adotada, assim como na recusa ao uso do símbolo de identidade por Wittgenstein.
No texto A remissão da irreversibilidade e da imprevisibilidade da ação: Comentários sobre o perdão e a promessa em Hannah Arendt [de Nádia Junqueira Ribeiro], a autora discute o aspecto político da ação humana em sua relação com o perdão e a promessa, que em A condição humana são apresentados a partir dos domínios da irreversibilidade e imprevisibilidade, respectivamente. As relações entre a incapacidade do desfazimento de ações assim como o caráter imprevisível da ação humana são pensadas enquanto instrumentos criadores de responsabilidade pessoal e política. A admissão de tal responsabilidade resulta na compreensão de que a ação é o espaço único de exercício da liberdade.
A hipótese de que Agostinho tenha sido uma importante influência para a constituição da filosofia de Descartes e em especial da concepção de cogito é apresentada [por Evaldo Pereira de Rezende] em Relação entre o pensamento de Agostinho e o cogito cartesiano – A certeza da existência humana como condição para a possibilidade do erro e da dúvida. O objetivo deste artigo é mostrar elos e oposições entre os autores, assim como a validade da hipótese segundo a qual Agostinho teria inspirado Descartes.
No artigo Entre vida e morte – A antropologia na filosofia de Henry Bergson e na psicanálise de Sigmund Freud [de Adriana de Albuquerque Gomes], as concepções de vida e morte são analisadas a partir da obra de Bergson e Freud em uma tentativa de identificar semelhanças e divergências entre os autores. Por fim, em As relações perigosas: A análise da máscara social em Rousseau e Diderot [de Adriane Campos de Assis Remigio], somos levados a uma análise da concepção de máscara social enquanto crítica à sociedade em Rousseau e Diderot, bem como a um estudo interdisciplinar que pretende estabelecer relações entre esta noção e o cinema, particularmente no filme Ligações perigosas, de Stephen Frears, em busca do esclarecimento de concepções como índice de transparência e ironia.
Para completar a edição deste número, publicamos o resumo de uma dissertação defendida [por Caius Brandão] no ano de 2015 na Faculdade de Filosofia da UFG intitulado Estudo das ideias de justiça no pensamento político-filosófico de Jean-Jacques Rousseau, assim como de dois textos provenientes de pesquisa em Iniciação Científica, A questão da existência de Deus em Edith Stein [de Rafael Carneiro Rocha] e Compatibilismo e método dedutivo na Ethica Eudemia [de Mariane Farias de Oliveira]. Apresentamos também dois resumos de monografia denominados A recolocação da questão da verdade enquanto Aletheia em Ser e tempo [de Douglas Schaitel] e A dimensão moral do mercado [de Marcelo Rodrigues de Melo].
Em tempo, gostaríamos de exteriorizar a satisfação de todos os membros envolvidos no desenvolvimento desta publicação com a elevação para o estrato B3 na classificação de periódicos Qualis da CAPES. Tal notícia é motivo de júbilo por simbolizar o reconhecimento do empenho envolvido no desenvolvimento da revista desde sua primeira edição e reflete a dedicação, o cuidado e o comprometimento do corpo editorial.
Para finalizar, agradecemos ao Conselho Editorial da revista e, em especial, aos professores que compuseram a comissão de avaliação dos artigos aqui publicados. Também somos gratos aos autores que nos submeteram seus trabalhos, e abrimos espaço para o convite àqueles que objetivam, no futuro, nos enviar seus textos. Agradecemos, por fim, o apoio e o incentivo da Faculdade de Filosofia às atividades da revista, e reafirmamos este espaço como um lugar de promoção do diálogo e da divulgaçã da produção filosófica discente.
Thaís Rodrigues de Souza