A cartografia do mal no pensamento de Hannah Arendt

Auteurs

  • Flávia Stringari Machado Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)

Mots-clés :

Mal, Mal Radical, Mal Banal, Hannah Arendt

Résumé

A condição de judia-alemã que suportou pessoalmente as consequências políticas do nazismo, moldou a compreensão de Hannah Arendt sobre os eventos que marcaram o século XX. Com a libertação dos campos de concentração no final da Segunda Guerra Mundial e o horror das revelações daí advindas, o mal passou a ser uma questão central no pensamento arendtiano. Os campos de concentração, de que Auschwitz sagrou-se símbolo, representaram para Arendt uma ruptura da tradição, uma terrível novidade, que impôs repensar o significado do mal e da responsabilidade humana. Nesse contexto, o presente artigo pretende investigar o problema do mal no pensamento de Hannah Arendt. Ocupar-se dessa tarefa, contudo, significa reconhecer que, mesmo em seus últimos escritos Arendt negava a existência de uma teoria sobre o mal no corpo de seus escritos. O objetivo deste artigo se coloca, então, como cartografar a teorização arendtiana sobre o mal. Para tanto, busca-se inicialmente a delimitação da categoria mal radical, exposta pela autora em Origens do totalitarismo, contrapondo-a, em seguida, à concepção de mal banal, inaugurada com a publicação de Eichmann em Jerusalém, e desenvolvida em escritos posteriores. Por fim, relaciona-se as duas concepções de mal para definir se elas se excluem ou podem, afinal, coexistir.

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Publiée

2016-11-29

Comment citer

STRINGARI MACHADO, Flávia. A cartografia do mal no pensamento de Hannah Arendt. Inquietude, Goiânia, v. 7, n. 1, p. 9–26, 2016. Disponível em: https://revistainquietude.com.br/index.php/inquietude/article/view/179. Acesso em: 19 mai. 2025.

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